segunda-feira, 28 de julho de 2014

O caminhoneiro

Era mais uma noite tranquila aqui na taverna, poucos clientes, alguns felizes, riam, outro tocava e cantava ao piano uma música melancólica, que o remetia a tempos felizes com sua ex-mulher.

Aqui é assim, cercado de vadios cornos, ex-casados e cornos, e apenas vadios casados que devem estar sendo traídos, mas não o sabem, no geral.

Como eu disse, era uma noite tranquila, até a chegada desse ser, um homem de 1,90 m de altura, gordo, mas não deixava de ser musculoso.

Saira de seu caminhão, batendo a porta firmemente, andando a cada passo, parecia cada vez maior, até entrar no nosso salão.

-Ferrou.- Deixei escapar – Hoje não sobra nada inteiro aqui.

Ele anda até mim, seus braços enormes e firmes, parece que não tinha banha, mas era tudo firme.
O piano parou de tocar, os que riam, se aquietaram. Embora nunca tivesse aparecido por aqui, sua cara não inspirava nada bom.

Seus olhos pareciam estar sempre bravos, barba cerrada, assim como seus punhos.

Ao chegar ao balcão, em minha mente apenas um pensamento: “Ferrou, Ferrou, ferrou!”

O sujeito abre levemente sua mão, apoiando sobre o balcão, e diz com uma voz fina, anasalada e afeminada:

-Por favor, onde é o toaletche?

Eu quase não aguentando segurar o riso misto de alegria e alívio, aponto para o lado esquerdo, onde estava a placa do banheiro.

“Ufa, escapei”, pensava, mas vou ter que ir ao banheiro depois também, pois acho que me borrei.